K arl Barth, comentando o CREDO APOSTÓLICO, observa que a
expressão “creio na santa igreja universal, na comunhão dos santos” vem logo
depois de “creio no Espírito Santo”. O teólogo suíço observa que o CREDO é uma
confissão de fé no Deus Trino e, portanto, não pode fazer da igreja-instituição
um objeto de fé-confiança. Quando se professa crer na igreja, faz-se alusão a
igreja universal (invisível) que consiste na comunhão mística dos santos. A fé
é dirigida ao Espírito Santo, pois é o Espírito que constitui o corpo místico
de Cristo e garante a comunhão dos crentes. O “creio na igreja” é uma extensão
do “creio no Espírito Santo”. O significado do CREDO é creio no Espírito que
está na igreja.
Barth
observa que a igreja é governada por Cristo através da Palavra vivificada pelo
Espírito Santo. Os católicos, quando não têm o seu “fervor” pessoal, se apoiam
na instituição eclesiástica, a qual garante a sua ortodoxia pela autoridade
papal. Os evangélicos não têm autoridade institucional em que se apoiar, pois
dependem inteiramente da Palavra e do Espírito. Quando a igreja evangélica tem
a Palavra VIVA, ela se mantém ortodoxa e avivada. Quando ela só tem a liturgia,
é só uma questão tempo para ela ficar liberal e heterodoxa. Barth registra:
“Mas Jesus Cristo governa em sua Palavra pelo Espírito Santo. O governo da Igreja é, assim, idêntico com a Sagrada Escritura, através do seu testemunho dele. Portanto, a Igreja deve continuamente estar ocupada com a exposição e aplicação da Escritura. Onde a Bíblia se torna um livro morto com a cruz sobre a capa e margens douradas, o governo de Jesus na igreja é inativo”.
Quando
a igreja perde a palavra, ela vive do auto-serviço, da recreação, da
sociabilidade e do entretenimento. Barth comenta:
“Onde a vida da Igreja está exaurida no auto-serviço, tem-se o gosto de morte; o elemento decisivo foi esquecido, de que a vida inteira é vivida apenas no exercício do que chamamos ministério de embaixador da Igreja, proclamação, kerigma... Onde a Igreja está viva, ela deve perguntar a si mesma se está servindo esta comissão ou se tornou-se um objetivo em si mesma.”
Muitos
reclamam das igrejas que vivem só da Palavra porque estas não lhe proporcionam
diversão e “tranqüilidade”. Como os monarcas absolutistas que queriam um líder
religioso para lhes aquietar a consciência culpada quando usavam de violência,
as pessoas acham que a obrigação da igreja é aliviá-las do stress do dia a dia.
A
igreja verdadeira se orienta para um objetivo sério, o que reclama auto-exame e
responsabilidade. As pessoas descomprometidas se sentem oprimida numa igreja
assim. Para falar a verdade, até mesmo os fiéis, em certo momento de suas
vidas, sentem esse fardo. A diferença é que não abandonam a igreja verdadeira. Karl Barth conclui:
“Não devemos permitir que a existência cristã, isto é, a existência da Igreja, a existência teológica seja privada deste objetivo. Pode acontecer que queiramos largar a mão do arado, quando comparamos a igreja com este objetivo. Podemos, com frequência, ter uma aversão pela vida da Igreja como um todo. Se você não conheceu essa opressão, se você simplesmente sente-se bem dentro das paredes da Igreja, você certamente não viu a verdadeira dinâmica desta questão.”
Isso não
significa que não tenhamos alegria, mas, sim, que ela vem da Palavra e da
santidade. Alguém já disse que Deus revelou sua justiça na parte da Bíblia que
chamamos de “lei”. Para os fiéis, é uma auto-revelação de Deus, mas, para os
que estão longe do Senhor, é uma lei. O evangelho é a revelação festiva do Deus
misericordioso. Aqui, encontramos nossa alegria.
Os crentes não
devem ser “caras fechadas”, mas devem ser espirituosos. Devem fazer as coisas
na igreja com bom ânimo, sendo companhia agradável, mas o MODO de fazer as
coisas não se confunde com o OBJETIVO das ações. A igreja tem objetivo
transcendente, que evoca seriedade, reverência e devoção integral.
SOLI DEO GLORIA
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